Um dos diretores mais amados do cinema francês, Jacques Tati foi um verdadeiro gênio da comédia. Ele retrata a humanidade ignorante perdida em meio aos absurdos modernos de uma forma engraçada e visivelmente presciente. Tendo deixado sua marca no colorido mundo vaudeville das salas de concertos, Tati transportou com surpreendente maestria o humor grotesco para o cinema. Graças ao legado dos filmes mudos, as comédias de Tati contêm pouco diálogo, dando destaque à coreografia visual de cenários meticulosos, piadas visuais e sonoras brilhantemente executadas e comportamento humano deliberadamente idiossincrático. Como mestre de seu domínio cômico, Tati construiu não apenas cenários, mas cidades inteiras onde seus personagens tropeçam divertida e desajeitadamente em construções arquitetônicas e engenhocas belíssimas, mas nada práticas.

Começando com sua estreia como diretor, Carrossel da Esperança (1949), onde o cativante carteiro é mistificado pelas mudanças que rapidamente transformam uma pequena aldeia francesa, Tati estabeleceu engenhosamente uma dicotomia entre a autenticidade humana e uma nova era de comportamento mecânico. O querido Sr. Hulot de Jacques Tati também personifica uma resistência à americanização da vida cotidiana francesa, fazendo aparições adoráveis na maioria dos filmes do diretor, sempre perplexo e excêntrico. Com seu sobretudo, cachimbo e chapéu característicos, o icônico Sr. Hulot é um agente involuntário da perturbação, seus escorregões e passos em falso causando estragos na residência impossivelmente elegante da família de seu irmão em Meu Tio (1958), nos escritórios estéreis de Playtime – Tempo de Diversão (1967) e em uma exposição internacional de automóveis em As Aventuras de M. Hulot no Tráfego Louco (1971). Embora injustamente desprezados após o lançamento, esses dois últimos filmes previram o desenvolvimento da zona hipermodernista La Défense em Paris, bem como a expansão das rodovias na França, cimentando o status de visionário de Tati. Ir de férias com Jacques Tati e o Sr. Hulot é aceitar o caos e a beleza da imprevisibilidade humana face às incessantes forças industrializadas e rotinas consumistas.